O último “bom dia”, a última
sensação de chegada, o último apagar das luzes. Parece de repente, mas já se
passou tanto tempo... O fim sempre vem com o pé na porta e nos faz pensar que
toda uma vida foi uma semana. Foi bem mais, foi bem melhor. Quantas semanas
couberam nesses dias todos de pressão, de divisão, de abdicação? Quantas horas
couberam nesses dias de aprendizado, de vitórias, até mesmo nos fracassos?
Em quantas linhas caberia a
experiência? Nós passamos por tantas nessa vida, algumas boas, outras não
tanto. Nenhuma ruim, pois os sábios conseguem tirar das piores frutas os
melhores sucos. Às vezes é difícil, mas sempre dá. Basta saber a hora certa de
cada coisa. Prever? Quase impossível! A hora sempre vem. Se demorar, é só fazer
a sua.
Essa é a minha hora. Às vezes,
para saber o que há lá fora, é preciso sair. Levantar da cadeira e abrir a
porta é ter dignidade de se permitir. Ora, somos tão jovens, como diz o poeta!
E juventude, assim como o tempo, são muito relativos. Pode durar milênios ou
acabar amanhã. Enquanto isso, os dias continuam sendo feitos de vinte e quatro
breves horas. Queremos tanto e temos tão pouco. Chega a hora de escolher como
fazer esse pouco virar tudo agora. Bem-vindo ao mundo dos adultos!
Vou, mas vou com uma mala
transbordando de belas lembranças e laços de amizade. Vou, mas vou com a
certeza de que fiz bonito, de que marquei a terra com talento. Feliz do homem
que parte do campo deixando flores regadas e sementes de ouro. Delas nascerão,
ou quem sabe renascerão, novas velhas sensações.
Então, ficam os dias e segue o carinho por esse
tempo em que coube tanta coisa. Dizem que, ao sair, o último apaga a luz. Nesse
caso, impossível. Sigo meu caminho deixando aquela luz bem acesa, para iluminar
quem vem atrás na fila. Que brilhem! Que brilhemos!
IMAGEM: http://universofeminino.blog.br/wp-content/uploads/2013/10/Porta-aberta.jpg
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