Vou contar
pra vocês uma história que começou há mais tempo do que parece. Era junho de
92, e nascia mais um daqueles garotos que diz que não sabe jogar futebol, mas
joga sempre que pode, e quando pode, escolhe uma camisa azul celeste e branca.
Coisas que nada explica. Quando esse garoto nasceu, a cidade vivia uma alegria
em duas cores. Um clube do Estado era campeão brasileiro, estava na 1ª divisão,
era o maior da região, com uma torcida que nunca coube no incompleto
Mangueirão.
Então,
esse garoto já estava no caminho certo, vitorioso, em tempos de glória do
futebol da Amazônia. Ele estava certo. Fez uma escolha que não fez, o destino
se encarregou, e foi feliz. Esse garoto foi muito feliz, ao crescer no momento
certo, para entender o quanto uma paixão pode ser grande. O menino foi vendo
títulos, títulos, acessos, mais títulos. O menino viu seu time ser campeão, o
supremo, campeão dos campeões. O menino, de repente, se viu ali, torcendo pelo
seu time na maior competição do continente.
Libertador.
Vencedor. Histórico. Com lá seus onze anos, aquele jovem já sabia que havia um
grande clube na Argentina, temido por todos os outros, principalmente por
brasileiros. Mas ele também sabia que esse time não era o único bicho-papão do
pedaço. Quem papou foi o time daqui, o mais forte e mais famoso.
Mas esse
Papão foi se combalindo com o passar dos anos. A fase não era boa, e foi
ficando pior. O rapaz também viu seu time fraquejar, perder, cair. Anos de fel,
para uma torcida que não parava de crescer. Cresceu na derrota, na crítica, na
indignação com os gols perdidos e com as contratações erradas. Cresceu nas
piores circunstâncias. Cresceu a torcida mais fiel do Estado do Pará.
Aquele garoto de vinte anos atrás,
hoje é um homem, que ainda veste azul e branco, mas critica, sabe que a
situação não é tão boa, quanto a massa bicolor merece. O tempo passa, e pode
passar o quanto for. A camisa virou pele, o azul e branco virou sangue. Aquele
garoto vai sempre topar qualquer parada, e pintar o sete em telas azuis por aí.
Porque o time pode não ser o melhor, mas a sua paixão foi feita sem defeito.
#Paysandu99
IMAGEM: Uchoa Silva
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