Tem gente por aí que gosta de dar
opinião sobre tudo. É sobre a crise na Europa, é sobre a Seleção na Olimpíada,
é sobre eleições. Até mesmo sobre a vida alheia. É um “eu acho” daqui, um “pode
ser que” ali, um “com certeza é isso” acolá, e nessa brincadeira, muitos acabam
confundindo o seu direito de pensar do direito de se proteger do outro. De
tanto opinar, tem gente que se acha parte da vida do seu bode expiatório.
Na verdade, todos já fomos, somos
e seremos comentaristas do espetáculo da realidade, um dia. Ao nascer, mesmo
sem saber seu próprio nome, e às vezes sem ter nome, o indivíduo assina dois
contratos: um lhe permite fechar suas janelas para que ninguém olhe o que
acontece na sua cozinha, e outro que lhe obriga, sem forças, a abri-las. Qual
vence no final?
Contradição, sim. Estamos
expostos ao julgamento de todos, inclusive aos de nós mesmos, pelo simples fato
de termos nascido. É o sistema, que não permite o absurdo da privacidade. É por
isso que nos achamos seguros em dizer que fulano não ficou bem com aquele tênis
verde-limão, ou que a Rita está indo longe demais na novela das nove. Só tem um
detalhe: “exposição” não quer dizer “espaço”.
Qual é o direito que alguém, que
às vezes nem conheço, acha que tem em me criticar? Ou em me elogiar? A mão-dupla
da opinião pública é cruel. Quando elogia, tudo são flores, mesmo se vierem do
monstro horrendo dos seus sonhos de criança. Quando xinga... Esse tal de ser
humano, bicho vendido, facilmente dobrável aos aplausos da plateia. Só aos
aplausos.
Comentaristas de coisa alguma nós
encontramos em toda esquina, vestidos de uma propriedade imprópria e de um
conhecimento tão ralo. Mas a empáfia não os deixa perceber que, na verdade, o
máximo que conseguirão, além de falsos parceiros de opinião, são risadas de quem
realmente sabe do que você não entende. Ter impressões de algo todos temos, o
que não serve de aval para achar que são capazes de mudar alguma coisa.
Poucas opiniões realmente valem
alguma coisa nesse lixão de bilhetinhos e pitacos. Aqueles que importam ficam,
e isso só depende da sua filtragem. Nem precisa ser nenhuma personalidade
midiática para ser vítima de tantos olhos e línguas nervosas, loucas para
despejar achismos. Bom, pelo menos é o que eu acho.
IMAGEM: http://1.bp.blogspot.com/-3ZjF2m_6oVo/T76J0QXiB1I/AAAAAAAAATg/HZq9VxgQrug/s1600/opini%C3%A3o_MAV.jpg
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