Uma selva de borracha, papel e
sangue falso. Que sangue? O óleo de máquinas pensantes e programadas escorre
pelos olhos, enganando lágrimas e fingindo mal. Homens abandonados à sorte de
sobreviver de passado. Um dia, tudo isso foi diferente. Ninguém aproveitou. Nos
sobraram casas sustentadas em mentira e areia.
Clausura. Prisão. Dói saber que o
aperto de mãos não será firme, que o abraço será gelado, e que o coração não
passa de um balão de ar. Pessoas que não existem, futuro que não surge,
inércia. Estamos acorrentados pela falta de bom senso, a grandes pedaços de
matéria petroquímica, sem escolhas. Somos androides, bonecos, brinquedos de nós
mesmos. Pena que nunca aprendemos a brincar.
Preços, preços, taxas, preços,
dinheiro, poder. Saber quem é? Não. Basta parecer que é. Vista-se com seu manto
de coragem, encha o rosto de maquiagem e sinceridade. Vá às ruas! Seja! Essa é
a regra, nesta terra. Amor é utopia, sentimento é exagero. Artificialidade
instantânea, tempo que voa. Mentes paradas. Não há sonhos, apenas restos.
Quero fugir! As cores desta
cidade encantam, são fortes, brilham com a voltagem de uma mente vazia. Quero
fugir! Nenhum sorriso me atrai, nenhuma palavra consegue me dar realidade. Sou
um projeto, querendo ser verdade. Aqui não é o meu lugar. É como semear vida em
um chão infértil, de plástico. Meu coração não é de plástico, como as árvores
falsas daquela canção.
de Radiohead
por Radiohead
Imagem: http://talecoisa.blog.terra.com.br/files/2010/08/arvores-de-plastico1.png