Eu não sei o que você fez da sua
vida. Eu não sei como vão seus dias nesses últimos seis anos. Eu não sei com
quem você anda, as roupas que você veste, nem seu gosto musical. Não conheço
mais seus amigos, não sei onde você trabalha, não sei nem se filhos tem. Eu não
sei o que você fez ou faz de você... E não me importo. Mesmo.
Não sabes o sorriso que carrego
agora, enquanto escrevo neste papel reciclado. É, não deves saber mesmo.
Durante esse tempo, eu reconstruí a minha vida, como deve ser após uma chuva
forte, ou uma tempestade duradoura. No meu céu, azul e calma. Mas no seu...
Como eu disse, não sei da sua vida e nem quero, agora algumas palavras ainda
acabam se cruzando, por amigos em comum, interesses parecidos, opiniões
remanescentes. Acontece.
Acabo vendo umas coisas e, sem
deboche, só consigo sorrir. Confesso que bate certa pena, de uma pessoa que eu
conheci forte, e que hoje se rende a qualquer besteira de mesa de bar, se
achando no direito de descer a nível tão baixo de autodepreciação, baixo mesmo.
Vejo esses cartazes de vitimização e você ali, os adorando como se fosse assim.
É, a pena passa e começa a ser patético. Eu sei quem você abraça pra chorar
essas mágoas, quem você defende, e essa defesa é a parte mais hilária. Não sei
o que você sabe, repito.
Por isso eu acho que você não
deve conhecer a palavra “superação”. Ah, ela é tão boa, faz um bem incrível, sabe?
Não, né? No caso de, um dia, você ler isso, saiba que não estou revoltado. Meu
tom é pacífico e verdadeiro, com ironia a gosto. Sarcasmo não faz mal a
ninguém, vamos combinar! Querer que você entenda isso, aí nem se eu me
prestasse a tal trabalho. Fico aqui, acariciando meu coração e quem cuida dele
hoje.
Eu até diria isso na sua frente,
mas você se esconde. Se esconde por trás desse ressentimento, dessa amargura
que não sai. Você tem todo o direito, viu? Livre arbítrio, livre expressão. O
que faço é apenas escrever, pra mim mesmo, não preciso que ninguém sinta
compaixão por mim, não dou motivos. Na verdade, eu também me escondo. Sim, me
escondo atrás de minha vida, oscilante como outra qualquer, mas minha e ponto.
Não que eu não tenha te amado,
meu bem. Claro que te amei, fui sincero, como havia de ser, em cada beijo,
abraço, momento piegas a dois, coisas de casal realmente apaixonado. Me
entreguei, chorei, me torturei pelo fim, o problema é que o problema é nosso.
Essa é a diferença entre nós. Não fico buscando respostas em público,
inventando suposições e, pior, acusando você, culpando você, o que seria bem
mais cômodo pra mim. Não sou assim. Nem preciso te dizer que guardo o bom do
nosso passado e, se preciso for um dia, são essas as lembranças que eu farei
questão de expor, como símbolos de nós.
Enquanto continuo vivendo meu
presente de paz, já que não sei mais quem você é, o que posso fazer, depois
desse tempo todo, é me divertir com o que você insiste em fazer. Um dia, me
irritava. Mas ex é ex, e já sei usar desta filosofia a faceta mais leve e
feliz. Se não enxergas assim, problema teu. Como penso demais, acabei
escrevendo isso aqui Se chegar até você ou não, pouco interessa. Rasgo o papel.
Te dar um conselho? Nesse tempo, desconheci o destinatário. Mais uma, e pela
última vez hoje: eu só lamento. Que um dia também possas escrever sobre flores.
Agora vou ali, ser feliz mais um
pouquinho.
IMAGEM: http://padrelucimar.com/wp-content/uploads/2010/12/escrever.jpg
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