Quando eu te ouvi dizer que era o
fim, que não haveria mais outro dia, com aquela frieza que nunca saiu de sua
voz, confesso que senti um tornado me devastando, moendo meu coração, meu
castelo de sonhos, tudo. Eu acreditei em você, até o último e mais difícil
momento. Hoje, dois anos se passaram e eu posso te dizer, com a maior
tranqüilidade, que você não estava tão certo assim.
Como as coisas são, né? Eu acho
que a vida foi bem generosa comigo, talvez justa, depois do tempo que eu perdi
ao seu lado. Acreditei no teu amor, nas tuas palavras mansas e planejadas, hora
e local. Acredite nos presentinhos, nas flores, nos elogios. Tudo bem, você
venceu... Mas ainda bem que nada é pra sempre, como eu pensava.
Chorei por você, sofri, doeu bastante.
Mulheres são assim, sensíveis demais, você sabe. Sabe? Duvido. Mais uma folha,
figurinha repetida, descartável. Assim era eu, assim era a outra, mascarada por
tantos anos, e que você, óbvio, não teve a coragem de me revelar. Tudo bem.
Vindo de você, acho bem normal.
Sua libertação, minha carta de
alforria. Os meses mais bonitos da minha vida não foram com você. Eu finalmente
vivi, me descobri, me curti. Sabe, sem hipocrisias, apenas prazer.
Compromissos, pra quê? Não, nunca passei perto de ser você, não seria nobre me
igualar a alguém tão digno de pena. Eu fui, e ainda sou, feliz como nunca.
Liberdade.
Quantos já me cortejaram, quantos
já me satisfizeram, mais do que você, melhor do que você. Meu corpo mudou, eu
sou mais mulher. Muitos me deram flores. Cansei de acreditar nelas, apenas fui
feliz. Você sabe o que é isso? Agora, pelo que eu sei, a outra, sua namorada,
está indo embora... Bom, quem sou eu pra rir de situação tão chata, né? Vai
saber os motivos dela. Eu sei dos seus, muito bem. Talvez sejam os mesmos, vai
saber.
Quando você me dispensou, mal
sabia do bem que você estava me fazendo. Obrigada. É só o que eu posso te
dizer, por me dar o presente mais importante, mais valioso do que qualquer
bijuteria barata: a vida. É, eu renasci, mais forte, mais mulher. Se quiser
conversar comigo, pode vir, o endereço é o mesmo. Não pensa que eu vou te
aceitar de volta. Eu já troquei as fechaduras. E, se tem algo que eu aprendi
com você, é que usar roupas antigas não é bonito. Pra mim, você já saiu de moda.
Um comentário:
Bonito texto, um tanto instigante, um fora bem dado e rebuscado, pois na versão chula da coisa ficaria meio baba baby da kelly kei...
parabéns Gustavo.
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