Em setembro eu vejo o quanto nós
todos somos nada, o quanto as certezas que nos empunhavam deixam de ser
verdades. O que é a verdade? Nada do que foi será... Em setembro a casa vira do
avesso, o avesso de tantas vidas cruzadas, como eternas amigas. Ninguém
reconhece ninguém, ninguém confia em ninguém. As dúvidas nos fazem pensar,
pensar e mudar, mudar o pensar. O que move o mundo, em setembro, são as
lembranças. Memória viva, que ainda sangra, que ainda dói, pois são o espelho,
o resquício do que fomos e fizemos um dia. As cicatrizes estão em nossas peles,
como se fôssemos responsáveis de todas as desgraças por aí. E não somos? A
culpa é inerente a nós, sentir esta culpa é ato de humildade, grandeza, perante
o que restou de tudo. Réus e vítimas, culpados e inocentes, todos somos, se o
sistema faz o que quer. Nós somos o próprio sistema. Quem pode nos defender de
nós mesmos? Em setembro, tudo sai do seu lugar, tudo volta a machucar, o que
parece deixa de ser. Compreensão, respeito, humanidade, história. O futuro,
aquele amigo de infância, passa por nós, diferente demais do que um dia foi.
Repetindo os mesmos erros, este setembro pode se repetir a qualquer hora, seja
março, outubro ou fevereiro. Enquanto isso, nós voltamos a viver o que temos,
do mesmo jeito que vivíamos antes daquele setembro: sem saber o que ainda vem
pela frente.
Um comentário:
Perfeito! *-*
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